Conduzir em trabalho ou para o trabalho
De acordo com dados divulgados por instituições europeias cerca de 30% das deslocações em viatura reportam a viagens profissionais ou em âmbito laboral, e mais cerca de 25% das restantes são deslocações de casa para o trabalho e regresso, ou seja, mais de 50% das viaturas que se encontram em circulação nas estradas, encontram-se em contexto de deslocação em/de/para trabalho.
Os mesmos dados também indicam que um terço dos acidentes rodoviários envolve pessoas que conduzem em trabalho, e que os condutores em âmbito profissional têm taxas de envolvimento em colisões 30 a 40% mais elevadas do que os particulares.
Neste contexto das deslocações em âmbito profissional as principais causas da sinistralidade rodoviária são quatro e bem identificadas. A velocidade, aparece em primeiro lugar na lista das causas e é tida como fator de aumento de risco, associada a um elevado número de colisões e despistes. Note-se que esta ordenação dos factores causais não leva em consideração a percentagem absoluta dos acidentes ou das vítimas que produz. No que respeita à velocidade, cerca de 13% dos condutores profissionais assumem que excedem frequentemente os limites de velocidade legais.
Em Portugal é provável que esta percentagem seja superior, basta circular em qualquer via cumprindo a velocidade limite e verificar que muitos são os automobilistas que circulam acima desta velocidade!
Este valor não engloba o conceito de velocidade excessiva, que por curiosidade, raramente é praticada!?
É verdade, se perguntar a um condutor se anda em velocidade excessiva, a maioria irá afirmar que mesmo quando anda em excesso de velocidade legal, não se sente em velocidade excessiva, ou seja, num regime de velocidade em que possa, perante uma situação inesperada de perigo, deixar de controlar a situação e a viatura.
Uma segunda causa identificada como causa de acidente na condução laboral é a distração. Neste capítulo, a utilização do telemóvel e de outros sistemas electrónicos de comunicação são apontados como geradores de uma nova tipologia de distração. A inatenção, distracção pessoal e interior, que acontece quando o condutor vai “ausente” da situação mesmo sem nenhum elemento de distracção exterior. Costumamos dizer que vamos a “pensar com os nossos botões”, mas de facto, nesta condição atencional, o condutor não está totalmente consciente dos acontecimentos envolventes.
Como terceira causa é apontada a fadiga, que influencia especialmente os condutores de longo curso, nas viagens longas e/ou nas viagens nocturnas. Neste capítulo, quer a fadiga ativa, provocada pela atividade física ou intelectual, quer a fadiga passiva, provocada pela monotonia, são ambas responsáveis por alguns acidentes. 50% dos condutores afirmam que já nalgum momento “adormeceram” a conduzir.
A quarta causa identificada é a CSI (condução sob influência) que a intoxicação por substâncias como o álcool, as drogas ilícitas, ansiolíticos e outros medicamentos que possam afetar a cognição e o comportamento.
Para o gestor, responsável da frota ou dos recursos humanos, a segurança dos seus colaboradores, dos bens e equipamentos deverá ser uma prioridade, não só pelos custos diretos, mas também pelos custos sociais, humanos e de qualidade de imagem que acarretam, muitas vezes dificilmente contabilizáveis.
Deve ser objetivo de boa administração reduzir o risco de acidente dos colaboradores e dos condutores de veículos da empresa e, se possível, até anulá-lo.
A prossecução deste objectivo exige que se faça uma adequada avaliação dos riscos e a sua quantificação, bem como efetuar uma cuidada análise dos danos produzidos ou potenciais, e identificar as medidas de prevenção e correctivas a aplicar.